Livro Visagentas é lançado no Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará
A obra foi selecionada por meio do Edital de Pautas Externas 2024 do CCJE, que disponibiliza o espaço para diversos eventos culturais.
O Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará (CCJE) foi o palco de lançamento do livro Visagentas, na noite da sexta-feira (22). A obra, das autoras Iaci Gomes e Renata Segtowick, foi selecionada por meio do Edital de Pautas Externas 2024 do CCJE, que disponibiliza o espaço, sem custos, para a realização dos mais diversos eventos culturais.
"Por ser um órgão público, o CCJE acolhe artistas paraenses ou que moram no Estado, tanto das artes plásticas para exposições, quanto da literatura para lançamento de livros, incluindo livros técnicos. Então, nós fazemos a seleção por meio do edital, publicado sempre no final ou início de ano, e, também, de acordo com a agenda aqui do espaço”, explica a coordenadora do Grupo Gestor do Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Carla Ferreira.
Escrito pela jornalista Iaci Gomes e ilustrado pela artista visual Renata Segtowick, o livro reúne dez contos inspirados em histórias de visagens e assombrações da Amazônia, contadas e repassadas de geração em geração. Sob um olhar feminino e feminista, em Visagentas, as narrativas também buscam desconstruir a imagem das personagens femininas envolvidas nos relatos, como no caso da Matinta Pereira, que é descrita como uma bruxa que vira pássaro de mau agouro, e, ainda, na lenda do boto, um animal que vive nos rios amazônicos e se transforma em homem para seduzir mulheres ribeirinhas.
“Por exemplo, no conto do boto, a gente trouxe uma releitura de uma moça que sofreu abuso sexual do boto e vai se vingar dele por causa da violência que ela sofreu. Já o conto da Matinta Pereira não é tão violento, mas é sobre a liberdade de uma idosa que se transforma em pássaro em busca da sua liberdade. Então, eu quis tirar a imagem amedrontadora da Matinta Pereira, essa famosa personagem das lendas amazônicas”, informa Iaci.
Assim, pelo trabalho de pesquisa e imaginação das autoras, as mulheres ganham ainda mais força para demonstrar a luta contra os diversos tipos de abuso, violência e opressão, sempre com muito respeito e sensibilidade, que se refletem, também, no colorido das ilustrações de Renata Segtowick. “Mesmo sendo um livro de terror, as cores são vibrantes e dão uma vida toda especial para as histórias”, destaca Renata.
A designer revela, ainda, que o projeto foi inspirado em filmes como Malévola “porque muitas das vezes, mesmo na vida real, as mulheres têm aquela aquela imagem de loucas ou amarguradas, mas ninguém sabe o que levou aquela mulher a agir daquele jeito, sendo, assim, mal entendida ou mal interpretada”.
O lançamento com noite de autógrafos do Visagentas contou com a presença de um grande público incluindo familiares, amigos e fãs das autoras, além de diversos amantes da literatura paraense e feminina, como a revisora de texto, Lívia Magno, uma das primeiras a adquirir o livro durante o evento.
“A gente que é daqui da região já conhece as histórias, mas vê essa outra abordagem é muito importante porque é uma produção feita por mulheres amazônicas que têm o lugar de fala. A gente vive isso, a gente está sempre vivendo as causas feministas e nada melhor do que usar a literatura e as lendas da região para essa luta também”, declarou Lívia.
Além do livro impresso, o Visagentas também está em formatos de audiolivro e e-book, disponíveis para downloads e compra por meio do site www.visagentas.com.br
Texto: Elissandra Batista / Ascom TRE do Pará.
Imagem: Leonardo Moraes / Ascom TRE do Pará.