Numa pequena quadra de basquete na área externa do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação - CIIR, às margens da Baía do Guajará, o pequeno Enzo Gabriel, de 5 anos, brincava no colo do tio, Lindolfo Angelista, que assumiu o papel de pai. Ele não anda e não fala, mas conseguiu fazer um arremesso digno de campeão.

Tudo isso aconteceu minutos depois de ele praticar outro exercício, que é tão ou mais importante para o futuro dele e de todos os cidadãos (as) brasileiros (as): o exercício da cidadania. É que, pela primeira vez, o Enzo aprendeu como utilizar a urna eletrônica, ainda que não tenha idade para escolher quem melhor o representará no poder público. “Isso demonstra que ele já é interessado, né? Em conhecer a política. E para mim é satisfatório, porque, no futuro, ele será um cidadão”, disse o tio do menino, Lindolfo Angelista.

Enzo não foi o único. Diversas crianças e adolescentes atendidos no CIIR também aproveitaram para conhecer o instrumento democrático que dá voz e legitimidade ao povo durante a ação itinerante do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará), que ocorreu na manhã desta quinta-feira (10), no auditório do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação. O evento foi em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado no último dia 02 de abril.

A ação foi realizada pela Assessoria de Cerimonial, Comissão de Atendimento Itinerante, Escola Judiciária Eleitoral e Núcleo Socioambiental e de Acessibilidade e Inclusão do TRE do Pará. Além do treino na urna eletrônica, no chamado simulado eleitoral, também foram ofertados serviços de emissão de título de eleitor, revisão e transferência, bem como divulgação do voto eletrônico, por meio de distribuição de materiais educativos.

A assessora de Cerimonial do TRE do Pará, Patrícia Saboya, explicou que é a primeira vez que o Regional realiza a ação no CIIR, e destacou a importância de promover a inclusão. “Nós, do TRE do Pará, estamos cumprindo a nossa missão que é garantir a legitimidade do processo eleitoral. E ele não existe sem a inclusão. Nós não podemos falar de cidadania se nós não formos inclusivos. E a gente tem que facilitar esse atendimento”, afirmou Patrícia.

O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) foi inaugurado em 2018 para garantir o atendimento, melhoria da acessibilidade e promover a inclusão da pessoa com deficiência no Pará. O espaço atende, em média, 10.000 pessoas todos os meses. Para a coordenadora do Grupo de Trabalho de Humanização do CIIR, Ivana Pimentel, a iniciativa permite a ampliação da cidadania a familiares e pacientes que, por vezes, não podem fazer alterações na rotina. “Esse trabalho permite que a pessoa com deficiência possa fazer parte também do cenário político e tomar decisões importantes em nosso país. Muitas vezes ela tem dificuldade de acesso e de ir até o local para fazer o alistamento. E é ótimo que a gente possa proporcionar esse momento de aprender a manusear a urna e regularizar a situação eleitoral”, disse Ivana. 

Quem também celebrou a parceria foi Carlos Willian, 31, que trabalha no almoxarifado do Centro. Ele foi diagnosticado com autismo nível 1 de suporte, aos 4 anos de idade. Estava lá quando viu o amigo Eduardo Batista, de 18 anos, treinar na urna pela primeira vez, antes de fazer a sua estreia como cidadão nas eleições de 2026. “É importante, é muito importante ver essas pessoas que nunca experimentaram votar, votando pela primeira vez. Então, vocês colocando um pouquinho mais essa oportunidade aqui ou fora também, é ótimo pra todo mundo”, contou Carlos.

Texto: Lidyane Albim - ASCOM / TRE do Pará.

Fotos: Ana Beatriz Manarte - ASCOM / TRE do Pará.